terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sustentabilidade: Energia solar doméstica vai ficar muito barata

Placas substituem telhados tradicionais
A energia solar mais barata está a caminho, com painéis substituindo telhas em telhados e gerando níveis mais altos de energia renovável, segundo cientistas americanos.
Como há bastante sol sobre telhados domésticos para potencialmente alimentar a maior parte, senão todas as necessidades de eletricidade do país, as perspectivas futuras são animadoras. Telhas que tiram eletricidade dos raios solares e podem ser encaixadas sobre as casas já são comercialmente disponíveis.
Agora, células solares criadas de materiais abundantes no planeta são mais produtivas, acessíveis e flexíveis, tornando fácil instalar energia fotovoltaica em novas áreas de construção.
Cientistas fizeram estes comentários durante um simpósio sobre sustentabilidade do congresso nacional da Sociedade Química Americana, nesta semana. Ela é a maior sociedade científica do mundo.
Um deles, Harry A. Atwater, disse: “A sustentabilidade envolve o desenvolvimento de tecnologias que possam ser produtivas no longo prazo, usando recursos que satisfaçam as necessidades de hoje sem ameaçar a capacidade de gerações futuras de satisfazer as suas. É exatamente isto que estamos fazendo com estes novos dispositivos de conversão de energia solar.”
Os novos equipamentos fotovoltaicos usam metais descritos como materiais abundantes, tais como cobre e zinco, que substituem aqueles mais raros, como índio, gálio e outros. Estes são frequentemente importados. A China, por exemplo, minera mais de 90% de elementos raros da terra para baterias de carros híbridos, magnetos, aparelhos eletrônicos e equipamentos de alta tecnologia, informa oEarth Times.
Foto: Wayne National Forest / Creative Commons
Fonte: José Eduardo Mendonça, Planeta Sustentável 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

TECNOLOGIA VERDE: Capa recarrega o tablet com energia solar

A empresa americana Voltaic Systems criou o Spark Tablet Case, um case para tablets com um sistema gerador de energia solar acoplado. Assim, o dispositivo portátil pode ser recarregado sem precisar de energia elétrica.


O Spark Tablet Case tem quatro painéis fotovoltaicos em sua parte externa. Eles produzem até oito watts de potência. Portanto, são os responsáveis por captar energia solar para recarregar o tablet. 

O fabricante garante também que é possível carregar outros gadgets com a capa, como celulares, iPods e câmeras fotográficas. Segundo a Voltaic Systems, dez horas de incidência solar direta nesses painéis solares podem carregar um iPad. A bateria também pode ser carregada em qualquer saída USB. 

Além disso, a capa é à prova d’água e tem almofadas para a proteção do equipamento. A parte interna contém bolsos e compartimentos forrados para manter o dispositivos bem protegido, mesmo quando não for necessário recarregar. 

Outro ponto de destaque está na parte externa da capa. Ela é feita a partir de garrafas de refrigerante reutilizadas. 

O case pode ficar entreaberto para que o usuário possa encaixar o tablet e trabalhar. Ao mesmo tempo, é possível colocar a capa em uma posição que seja possível captar a energia solar.

Fonte: Vanessa Daraya - INFO Online

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Prática - 07, parte 2, Observação Microscópica de Plantas Aquáticas

Sustentabilidade: Geradoras de energia e de limpeza

Elas têm estruturas mais simples e se reproduzem em velocidades muito maiores do que as dos outros vegetais. Essas características colocam as microalgas e as pequenas plantas aquáticas da família das Lemnaceaes na fronteira das pesquisas sobre novas fontes de biocombustíveis.
Especialistas nessas duas matérias-primas apresentaram resultados de seus estudos no 2º Congresso Pan-Americano sobre Plantas e Bioenergia, que termina nesta quarta-feira, em São Pedro (SP).


O caráter sustentável da produção de algas, que têm grande capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2), foi ressaltado por Richard Sayre, diretor do Instituto Erac para Combustíveis Renováveis, em Saint Louis, Estados Unidos. 
Mantido pela iniciativa privada, o Erac é um dos maiores centros mundiais de pesquisas em plantas, reunindo 170 pesquisadores e 95 PhDs.


Sayre apontou a importância de se investir em fontes renováveis de energia que forneçam combustível em forma de óleo, como é o caso das algas.
– A gasolina pode ser substituída por etanol, porém outros combustíveis e produtos derivados de petróleo dependem de matérias-primas baseadas em óleo –, afirmou.
Por esse motivo, somente metade do petróleo usado no mundo poderia ser substituído por etanol. Além disso, o óleo, segundo o pesquisador, contém o dobro da densidade energética do etanol.


Ao se comparar fontes de biodiesel, as algas também apresentam uma produtividade muito superior às das demais matérias-primas, segundo Sayre. No estudo do Erac, as algas produziram 58.700 litros de óleo por hectare de cultivo, contra 5.950 litros de óleo de palma, a segunda colocada.


– Essa é uma estimativa modesta, que considera a extração de 30% de óleo da biomassa, mas podemos extrair até 70% elevando a produtividade para 136.900 litros de óleo por hectare –, afirmou.
Além disso, as algas não possuem tecidos heterogêneos, como folhas, galhos e raízes, o que facilita um dos maiores obstáculos da obtenção dos biocombustíveis de plantas: a quebra da parede celular.
Outra vantagem apontada pelo pesquisador é o alto teor de óleo das células das algas, que podem apresentar até 50% de lipídios não polares, mais fáceis de serem quebrados, e possuem de 10% a 45% mais energia do que as matérias-primas obtidas de carboidratos.


O especialista norte-americano propõe também que as algas sejam aplicadas na solução de outro problema das grandes cidades: o tratamento de esgoto. Algas capazes de decompor matéria orgânica poderiam ser cultivadas em estações de tratamento. Além da limpeza da água, o cultivo produziria biodiesel e absorveria uma boa parte do CO2 da atmosfera.


No exemplo de Sayre, o tratamento de esgoto de uma cidade como Nova York produziria 10 milhões de litros de biodiesel de algas por ano e absorveria 40% do CO2 emitido por uma termelétrica de 200 MWh movida a carvão.


– Também haveria ganhos adicionais com a produção de metano e de produtos para ração animal –, completou.
O desafio da equipe do Erac está em desenvolver melhorias genéticas a fim de aprimorar a conversão de energia solar no interior das células. Essa conversão depende do tamanho de estruturas chamadas de complexo LHCII. Por serem muito grandes, essas estruturas recebem mais energia do que conseguem processar e o excedente (cerca de 60%) acaba sendo desperdiçado.


A viabilidade econômica da produção de biodiesel de algas foi conquistada ao longo dos anos graças aos avanços obtidos em pesquisa.
– Hoje, conseguimos produzir biodiesel de algas ao custo de US$ 2 por galão, sem subsídio algum do governo. Há três anos, esse mesmo galão custava US$ 100 –, comparou.


A menor planta do mundo capaz de produzir flores é outra fonte promissora de biocombustível, de acordo com o professor Eric Lam, do Departamento de Biologia e Patologia Vegetal da Universidade do Estado de New Jersey – Rutgers, nos Estados Unidos.


Conhecidas no Brasil como lentilhas d’água, as plantas da família Lemnaceae são capazes de se reproduzir sobre água doce ou salobra. São cinco gêneros e 40 espécies conhecidas que se espalham em regime perene por praticamente todo o planeta, com exceção das regiões desérticas e polares.


Nos Estados Unidos, elas são chamadas de duckweeds (“erva de pato”), por servirem de alimento às aves aquáticas que aproveitam as estruturas ricas em gordura, proteínas e amido da planta.
Assim como as algas, as lentilhas d’água se reproduzem com velocidade muito maior que a dos demais vegetais.


– Os exemplares da espécie Wolffia microscopica dobram de quantidade a cada 30 horas –, disse Lam.
Essa proliferação se deve ao fato de as Lemnaceaes se propagarem principalmente de maneira assexuada, produzindo clones genéticos. Outra diferença é que essas plantas aquáticas são extremamente pobres em lignina, macromolécula responsável pela defesa imunológica, pelo transporte de água e nutrientes e, especialmente, pela estrutura física da planta, conferindo-lhe suporte mecânico.
Lam especula que a pouca concentração de lignina nas lentilhas d’água seria um fruto da adaptação desses vegetais ao habitat aquático, no qual não seria necessária igual rigidez.


A baixa presença de lignina é uma considerável vantagem na fabricação de biocombustível, pois quebrar essa molécula tem sido um dos maiores desafios da pesquisa em combustíveis de origem vegetal.


De maneira similar às algas, as Lemnaceaes têm a capacidade de recuperar águas contaminadas, uma vez que reduzem coliformes, absorvem metais pesados e consomem parcelas consideráveis de nitrogênio e fósforo. Elas também têm um papel importante no ecossistema ao estimular a presença de anfíbios e de outros animais aquáticos. 


Em uma experiência realizada em uma fazenda de porcos nos Estados Unidos, o professor Jay Cheng, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, conseguiu em 12 dias eliminar completamente altas concentrações de nitrogênio e potássio que a criação emitia no lago da fazenda apenas com aplicação de lentilhas d’água.


O mesmo experimento utilizou as plantas na produção de combustível e obteve uma produtividade cinco vezes maior por unidade de área cultivada em comparação com o etanol obtido do milho.


A planta ainda pode ser obtida em regiões em que ela se prolifera como invasora. Lam apresentou dois exemplos, um no lago Maracaibo, na Venezuela, e outro em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Em ambos, as Lemnaceaes ocuparam quase toda a superfície dos lagos, prejudicando o ecossistema.
– As autoridades locais vão adorar se você se dispuser a retirar essas plantas dos lagos. É uma fonte abundante e gratuita para o produtor de biocombustível –, disse Lam.


Segundo ele, algas e Lemnaceaes são fontes por excelência de biocombustível, pois, além de recuperar águas contaminadas e absorver CO2, elas não competem por terras agriculturáveis nem com a produção de alimentos como milho e soja.

Fonte: Redação do Correio do Brasil, com Agência Fapesp – de São Paulo


domingo, 5 de agosto de 2012

Sustentabilidade: Plástico biodegradável de açúcar, em escala industrial

Há mais de dez anos, a empresa PHB Industrial produz em escala piloto o Biocycle, um plástico biodegradável feito com açúcar de cana. Apesar de dominar a tecnologia para fabricar diversos produtos com o polímero e para tornar seu custo competitivo quando comparado ao do plástico convencional, a empresa ainda não conseguiu elevar sua produção a uma escala industrial


Para Roberto Nonato, engenheiro de desenvolvimento da PHB Industrial, o caminho mais curto para levar o Biocycle ao mercado seria uma parceria com a indústria petroquímica. "Temos tentado isso há alguns anos, mas o pessoal do petróleo não costuma conversar com o pessoal do açúcar", disse durante sua apresentação no workshop Produção Sustentável de Biopolímeros e Outros Produtos de Base Biológica, realizado na sede da FAPESP. 

A história do Biocycle começou no início dos anos 1990, época em que a Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) procurava outros produtos que pudessem ser fabricados em uma usina de açúcar que não fossem commodities. 

Por meio de uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e com o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), a Copersucar conseguiu produzir o polihidroxibutirato (PHB) - um polímero da família dos polihidroxialcanoatos (PHA) com características físicas e mecânicas semelhantes às de resinas sintéticas como o polipropileno - usando apenas açúcar fermentado por bactérias naturais do gênero alcalígeno. 

Em 1994, uma planta piloto foi instalada na Usina da Pedra, em Ribeirão Preto. Em 2000, foi criada a PHB Industrial e a tecnologia passou a pertencer ao Grupo Pedra Agroindustrial, de Serrana, e ao Grupo Balbo, de Sertãozinho. 

Com apoio da FAPESP por meio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e auxílio de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), a empresa desenvolveu a tecnologia de produção dos pellets - pequenas pastilhas cilíndricas feitas com uma mistura de PHB e fibras naturais -, matéria-prima usada pela indústria transformadora para produzir utensílios de plástico. 

"Inicialmente, nos preocupamos apenas em desenvolver o PHB e achávamos que a indústria transformadora faria o resto, mas, quando você chega com uma resina nova ao mercado, ninguém sabe como processar. Percebemos que era preciso ir além", disse Nonato à Agência FAPESP. 

A técnica de misturar PHB com fibras vegetais trouxe outra vantagem: a redução do custo. Enquanto o quilo do polipropileno custa em torno de US$ 2, o quilo do PHB sai por volta de US$ 5. "Se você mistura com pó de madeira, por exemplo, barateia o produto e dá a ele características especiais que podem ser interessantes", explicou o engenheiro. 

DIVERSAS APLICAÇÕES O PHB é um material duro que pode ser usado na fabricação de peças injetadas e termoformadas, como tampas de frascos, canetas, brinquedos e potes de alimentos ou de cosméticos. Também pode ser aplicado na extrusão de chapas e de fibras para atender a indústria automobilística. Serve ainda para a produção de espumas que substituem o isopor. 

"Desenvolvemos diversas aplicações para o polímero em cooperação com outras empresas. A indústria automobilística, por exemplo, nos procurou para testar o PHB e vimos que o polímero era viável na fabricação de peças para o interior dos carros. Mas, como ainda não temos condições de produzir em escala industrial, não conseguimos entrar no mercado", disse Nonato. 

Segundo Nonato, a empresa chegou a ter uma pequena produção industrial de painéis de trator. O produto era mais barato que o equivalente feito com plástico convencional e, ainda assim, o negócio não prosperou. "Era uma produção tão pequena para o padrão da indústria, acostumada a comprar centenas de toneladas, que acabaram desistindo por dificuldades operacionais", disse. 

Para ampliar a produção, a PHB Industrial teria de aumentar sua planta. Segundo Nonato, isso exigiria um investimento muito superior ao que uma usina de açúcar tem como meta. Seria preciso um parceiro. 

Também precisaria de ajuda para dar suporte aos compradores. "É necessário ter uma equipe que vá a campo ensinar qual é a temperatura certa para processar o PHB, o tipo de forma, o tipo de rosca. O mercado é pulverizado e grande parte dele está na Europa. Somente as grandes petroquímicas teriam condições de dar esse suporte", disse. 

Enquanto no Brasil o mercado para o PHB é restrito a nichos interessados em fabricar produtos com apelo ecológico a um preço mais elevado, na Europa a busca por produtos biodegradáveis é grande, segundo Nonato. "Na Europa, a agricultura hidropônica é forte e a legislação ambiental é rígida. Usa-se muito material biodegradável em estufas", contou. 

Com o PHB, é possível fabricar braçadeiras para plantas ou tubetes para reflorestamento e depois encaminhar o resíduo plástico para estações de compostagem, onde ele é rapidamente absorvido pela natureza. 

Enquanto os plásticos tradicionais levam mais de cem anos para se degradar, os produtos feitos com PHB se decompõem em torno de 12 meses e liberam apenas água e dióxido de carbono. 

Além da agricultura, o material pode ser usado na fabricação de embalagens para alimentos, cosméticos e outros produtos oleosos que são de difícil reciclagem. "O mercado existe e nosso produto está pronto. O que falta é um canal para chegar ao mercado e um pouco mais de investimento", disse.

Fonte: Karina Toledo - Agência Fapesp