domingo, 24 de julho de 2011

Prática - 08, parte 1, Quebra de Dormência de Sementes

 Os alunos dos primeiros anos do ensino médio desenvolveram vários experimentos com vegetais com o objetivo de conhecer mais sobre suas formas de propagação e colaborar com o processo de produção de mudas de espécies nativas.


Aula Prática:
Frente a necessidade urgente da reposição da vegetação nativa ou recuperação de áreas desmatadas, a compreensão da biologia reprodutiva (modo como as espécies se reproduzem na natureza) das essências nativas (espécies da flora brasileira) se tornou de fundamental importância, para que esta recomposição florestal possa ser feita de forma racional. Dentre os vários fatores a serem estudados, existe um em especial que atinge diretamente a produção de mudas, que é o processo de dormência das sementes.


A dormência de sementes é um processo caracterizado pelo atraso da germinação, quando as sementes mesmo em condições favoráveis (umidade, temperatura, luz e oxigênio) não germinam. 


Sementes de Jatobá - Hymenaea courbaril
Cerca de dois terços das espécies arbóreas, possuem algum tipo de dormência, cujo fenômeno é comum tanto em espécies de clima temperado (regiões frias), quanto em plantas de clima tropical e subtropical (regiões quentes). 


O fenômeno de dormência em sementes advém de uma adaptação da espécie as condições ambientais que ela se reproduz, podendo ser de muita ou pouca umidade, incidência direta de luz, baixa temperatura etc. É portanto um recurso utilizado pelas plantas para germinarem na estação mais propícia ao seu desenvolvimento, buscando através disto a perpetuação da espécie (garantia de que alguns indivíduos se estabeleçam) ou colonização de novas áreas.

 Sementes de Ipê-amarelo - Tabebuia alba 

Quando nos deparamos com este fenômeno há necessidade de conhecermos como as espécies superam o estado de dormência em condições naturais, para que através dele possamos buscar alternativas para uma germinação rápida e homogênea, este processo é chamado de Quebra de Dormência.

 Sementes de Jatobá - Hymenaea courbaril 

Processos para Quebra de Dormência das sementes:
Escarificação química: é um método químico, feito geralmente com ácidos (sulfúrico, clorídrico etc.), que possibilita as sementes executar trocas com o meio, água e/ou gases.


Escarificação mecânica: é a abrasão das sementes sobre uma superfície áspera (lixa, piso áspero etc). É utilizado para facilitar a absorção de água pela semente.


Estratificação: consiste num tratamento úmido à baixa temperatura, auxiliando as sementes na maturação do embrião, trocas gasosas e embebição por água.


Choque de temperatura: é feito com alternância de temperaturas variando em aproximadamente 20ºC, em períodos de 8 a 12 horas.


Água quente: é utilizado em sementes que apresentam impermeabilidade do tegumento e consiste em imersão das sementes em água na temperatura de 76 a 100ºC, com um tempo de tratamento específico para cada espécie.


  
Tabela. Tratamentos recomendados para quebrar a dormência das sementes em algumas espécies arbóreas.

Espécie
Nome Científico
Tratamento
Canafístula
Peltophorum dubium
Água ( 80o C ) - 5 min
Candíuva
Trema micrantha
Água ( 50o C ) - 5 min
Candíuva
Trema micrantha
Ácido Sulfúrico - 5 min
Copaíba
Copaifera languisdorffii
Escarificação Mecânica
Flamboyant
Delonix regia
Água ( 80o C ) - 5 min
Guatambu
Aspidosperma ramiforum
Imersão em água parada por 4:00 h
Ipê-felpudo
Zeyhera tuberculosa
Imersão em água parada por 15:00 h
Jatobá
Hymenaea courbaril
Escarificação com lixa
Leucena
Leucena leucocephala
Ácido Sulfúrico - 20 min
Leucena
Leucena leucocephala
Água - Ambiente - 12:00 h
Orelha de negro
Enterolobium contortisiliquum
Ácido Sulfúrico - 90 min
Orelha de negro
Enterolobium contortisiliquum
Escarificação Mecânica
Pau ferro
Caesalpinia leiostachya
Ácido Sulfúrico - 45 segundos
Sapucaia
Lecythis pisonis
Retirar o arilo


  

Fonte: Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais 

domingo, 10 de julho de 2011

Fogueira: Tradição contribui com desmatamento

A campanha desenvolvida pelo professor e ambientalista José Bezerra alerta quanto aos riscos para o meio ambiente e para a saúde.
Aproximam-se as festas juninas e com elas vem uma preocupação de ambientalistas e médicos: os danos causados ao meio ambiente e à saúde das pessoas por conta do desmatamento e da fumaça em virtude da tradição de queimar fogueiras nos dias de Santo Antônio [13 de junho], São João [24 de junho] e São Pedro [29 de junho]. Pensando nas conseqüências, o professor e ambientalista José Bezerra, lançou a campanha “Neste São João acenda uma fogueira, mas somente no seu coração. Não contribua com o desmatamento e com a emissão de CO²”.
Professor Bezerra: "Fumaça emite CO²" (Fotos: Portal Infonet)
 A campanha que vem contando com o apoio dos meios de comunicação [o Portal Infonet está apoiando], das escolas e de grande parte da população aracajuana, começa a surtir efeito. “O objetivo é conciliar os festejos juninos com a preservação do meio ambiente, evitando que a madeira utilizada nas fogueiras tenha sido retirada de matas nativas. A gente entende que existe uma tradição principalmente na região Nordeste. É a cultura do nosso povo que vem sendo mantida, mas também entende que as pessoas precisam se conscientizar dos males causados pela fumaça emitida com a queima das fogueiras”, ressalta o professor José Bezerra.

A Campanha nas ruas
 De acordo com ele, os danos causados ao meio ambiente não foram quantificados. “Mas podemos destacar a emissão do CO², principal gás que leva ao aquecimento global e está contido na fumaça, que causa ainda problemas respiratórios principalmente em crianças e em idosos. Com a campanha, a gente quer mostrar às pessoas que podem manter a tradição, mas sem exageros, sem agredir o meio ambiente. Por exemplo, ao invés de acender várias fogueiras, amigos e familiares podem se unir em torno de apenas uma”, destaca acrescentando que se as pessoas lutam para ter qualidade de vida, precisam pensar mais no meio ambiente.

Troncos expostos na Praça do Cemitério Cambuís (Fotos: Divulgação)
 Tradição
O professor e ambientalista sabe que não é fácil ir de encontro ao costume trazido ao Brasil pelos portugueses, mas está fazendo a sua parte com a realização da campanha pelo segundo ano consecutivo, conscientizando as pessoas que a queima da madeira neste período junino contribui consideravelmente para a destruição da caatinga e das florestas, com o aumento do CO² na atmosfera e consequentemente com o crescimento de doenças respiratórias.
“De forma gradativa vamos mostrando às crianças e aos adultos que a prática de acender fogueiras, apesar de ser uma tradição secular, pode ser reduzida em prol do meio ambiente e da saúde. Com a campanha, estamos propondo um debate. Assim como economizamos a energia e aprendemos a utilizar a água, podemos também aprender a cuidar mais do meio ambiente, devemos nos conscientizar do aumento de 0,8% na temperatura do planeta por conta da emissão de gases”, entende.
O comércio de fogueiras já é intenso em vários bairros de Aracaju
 Saúde
Os principais danos causados à saúde por conta das fogueiras neste período junino, são problemas respiratórios [bronquite aguda, rinite, asma, sinusite, laringite, traqueite entre outras] e até mesmo problemas na visão, dores de cabeça, tontura, eritema cutâneo, fadiga e dor toráxica em paciente com problemas do miocárdio.
Mata Nativa
Campanha
José Bezerra contou que a campanha vem sendo desenvolvida com sucesso nas escolas, na chamada Sala Verde da Universidade Federal de Sergipe, foi levada à Universidade Tiradentes e à Federação das Escolas da Rede Particular de Ensino, além de emissoras de rádio, jornais impressos, sites.

“Num primeiro instante, as crianças, muitas delas fascinadas pelo fogo, perguntam: ‘tio, como vamos acender nossas chuvinhas?’. Mas quando mostramos os efeitos, explicamos de forma simples, até mesmo no slogan, cuja imagem é um desenho destacando o desmatamento, elas acabam entendendo”, explica.


 O ambientalista lamenta a grande quantidade de madeira que já ‘invade’ os bairros de Aracaju e que segundo ele, quem conhece dá para identificar que muitas delas são originárias de matas nativas. “Eu sei que é humanamente impossível para os órgãos fiscalizadores percorrerem todo o Estado de Sergipe por conta do número reduzido de fiscais, mas dá para identificar que os troncos foram retirados de matas nativas porque não temos manejo florestal e temos muito pouco eucalipto”, enfatiza.
Denúncias devem ser feitas ao Ibama e à Adema
 Fiscalização
A Assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), informou que as pessoas podem denunciar a retirada de troncos da Mata Atlântica pelos telefones: 3712-7419 ou pela Linha Verde 0800-618080. Caso a denúncia seja confirmada, a madeira é apreendida e o infrator é levado à sede do Ibama, podendo ser notificado.
A multa é de 300 reais pelo chamado metro estéril [medida de madeira empilhada desuniformemente]. E as denúncias podem ser feitas ainda à Administração Estadual de Meio Ambiente (Adema) por meio do telefone: (79) 3179-7314 begin_of_the_skype_highlighting            (79) 3179-7314      end_of_the_skype_highlighting.
Por Aldaci de Souza

Neste São João acenda uma fogueira, mas somente no seu coração. Não contribua com o desmatamento e com a emissão de CO²!