A
célula, como objetivo de estudo da citologia, pode ser estudada sob diversos
aspectos: podemos conhecer sua forma e a de seus constituintes, a natureza
química desses constituintes e seu modo de funcionamento. Ou seja, realizar
investigações morfológicas, químicas, bioquímicas e fisiológicas, e a cada uma
correspondem métodos de estudo particulares.
Com objetivo de observar e identificar estruturas que
compõem as células vegetais os professores José
Bezerra e Reinalda Alves trabalharam
com os alunos do ensino médio microscopia, célula vegetal e aparelhagem de
laboratório, com o objetivo de permitir ao aluno conhecer, familiarizar-se e
manipular os principais equipamentos e vidrarias de uso corrente em
laboratórios biológicos.
Durante
a aula prática os alunos prepararam as lâminas utilizando a epiderme de cróton.
A prática laboratorial é de fundamental importância no desenvolvimento de
biologia no ensino médio.
Roteiro
da Aula Prática:
1-
Retirar, com auxílio de pinça ou bisturi, um corte da epiderme interna de
cróton.
2-
Depositar o corte sobre uma lâmina de vidro.
3-
Gotejar uma gota de água sobre o corte.
4-
Cobrir o material com a lamínula de vidro
5-
Observar ao microscópio.
Epiderme de folha de Cróton |
Vários
processos ocorrentes na célula vegetal são semelhantes aos que ocorrem na
célula animal. Porém, algumas características são peculiares à célula vegetal,
principalmente referentes à parede celular, a qual envolve o protoplasto
(conteúdo celular).
Citoplasma:
constituído pelo hialoplasma, um material com moléculas proteicas; a porção
externa, mais viscosa, é conhecida como ectoplasma e a interna, fluida, é o
citossol. No citossol, é possível observar, muitas vezes, o movimento
citoplasmático (ciclose); esse movimento sofre influência de luz e temperatura.
O citoesqueleto é composto por fibras de proteínas finíssimas no hialoplasma.
Estruturas
características da célula vegetal: parede celular, vacúolo grande na célula
adulta (resultante da união de pequenos vacúolos), plastos e substâncias
esgásticas. Evidentemente, estão presentes nas células vegetais muitas
organelas também encontradas nas células animais, como mitocôndrias,
dictiossomos (pilhas de membranas lisas, que constituem o Aparelho Golgiense), núcleo,
microtúbulos, ribossomos, etc.
Epiderme de folha de Cróton com Parede Celular e Estômatos |
1-Parede
celular: restringe a distensão do protoplasto configurando, à célula adulta,
tamanho e formas fixos; confere proteção aos componentes do protoplasto.
*
Componentes:
A)
CELULOSE (C6 H10 O5)n, constituída por moléculas lineares de glicose. A
celulose é formada por microfibrilas, que se reúnem em feixes maiores
(fibrilas). As microfibrilas são sintetizadas por enzimas que se encontram na
membrana plasmática. A celulose está associada a outros polissacarídeos, principalmente
hemiceluloses (xiloglicanos e xilanos) e compostos pécticos (galacturonanos).
B) SUBSTÂNCIAS DE ORIGEM ORGÂNICA:
a-
natureza proteíca: várias.
b-
natureza lipídica: cutina, suberina, lignina - esta última confere maior
rigidez à parede e sua presença comprova a existência de parede secundária; sua
formação pode ocorrer dentro dos dictiossomos, um sistema de membranas que
forma o Complexo de Golgi.
Formação:
As primeiras camadas de microfibrilas a se formarem
constituem a parede primária. Essas microfibrilas apresentam uma disposição
intercarlar. Em muitas células, camadas adicionais são depositadas internamente
à parede primária, formando a parede secundária; essas camadas são denominadas
S1, S2 e S3, respectivamente, sendo que a última pode estar ausente.
Na
parede secundária, o arranjo das microfibrilas se dá de diversas maneiras
diferentes. Lamela média é a linha de união entre as paredes primárias de duas
células contíguas e possui natureza péctica.
A
formação da parede celular ocorre no final da telófase, com o surgimento da
placa celular, que dará origem à lamela média e parte da membrana plasmática
das duas células-filhas, por ela separadas; durante a formação da parede
primária e da lamela média, elementos do retículo endoplasmático ficam retidos
entre as vesículas em formação, originando os plasmodesmos, continuidades
protoplasmáticas entre uma célula e outra, que geralmente se localizam em
pequenas depressões denominadas campos de pontoação primários, originados por
uma menor deposição de microfibrilas de celulose.
Posteriormente,
durante a formação da parede secundária, não há deposição de material sobre
essas áreas, originando diversos tipos de pontoações.
Pontoações - As pontoações mais comuns são:
a-) Pontoação simples: interrupção na parede primária,
com formação de uma cavidade de pontoação (espaço onde a parede primária não é
recoberta pela secundária). Quando as pontoações simples de duas células
contíguas se encontram, temos uma membrana de pontoação, formada pelas paredes primárias
de ambas as células, mais a lamela média entre elas.
Parede Celular e Estômatos |
b-)
Pontoação areolada: saliência de contorno e abertura central circulares (em
vista frontal, forma uma aréola). Trata-se de uma interrupção da parede
secundária. Quando a parede secundária e a primária estão bem separadas,
delimita-se uma câmara de pontoação. Além disso, quando a parede secundária se
espessa, percebe-se a formação de um canal de pontoação, entre a abertura
interna e a externa da pontoação areolada. Esse tipo de pontoação é encontrado
em células do xilema, isto é, nos elementos de vaso e traqueídes.
Nas
traqueídes das coníferas ocorre, na pontoação areolada, um espessamento
especial denominado toro, que pode funcionar como uma válvula, fechando
quando a pressão num lado é superior à pressão no outro e impedir
rompimento da região, em caso de vergamento.
Uma
mesma célula pode apresentar mais de um tipo de pontoação. Por exemplo, um
elemento de vaso que esteja contíguo a outro elemento de vaso, apresenta um par
de pontoações areoladas; no entanto, se ele estiver contíguo a uma célula de
parênquima, apresentará um par de pontoações semi-areoladas.
Estômato com células-guarda permitindo a abertura do ostíolo |
2- Conteúdo celular - principais organelas
2.1-
Vacúolo: Delimitado por uma membrana denominada tonoplasto. Contém água,
açúcares, proteínas; pode-se encontrar ainda compostos fenólicos, pigmentos
como betalaínas, antocianinas cristais de oxalato de cálcio (drusas,
estilóides, cristais prismáticos, rafídios, etc.). Muitas das substâncias estão
dissolvidas, constituindo o suco celular, cujo PH é geralmente ácido, pela
atividade de uma bomba de próton no tonoplasto. Em células especializadas pode
ocorrer um único vacúolo, originado a partir da união de pequenos vacúolos de
uma antiga célula meristemática (célula-tronco); em células parenquimáticas o
vacúolo chega a ocupar 90% do espaço celular.
*
Funções: Ativo em processos metabólicos, como:
- armazenamento de substâncias
(vacúolos pequenos - acúmulo de proteínas, íons e outros metabólitos). Um
exemplo são os microvacúolos do endosperma da semente de mamona (Ricinus
communis), que contêm grãos de aleurona.
-
processo lisossômico (através de enzimas digestivas, existentes principalmente
nos vacúolos centrais e bem desenvolvidos, cujo tonoplasto sofre invaginações
para englobar material citoplasmático contendo organelas (a autofagia ocorre em
células jovens ou durante a senescência).
Se
originam a partir do sistema de membranas do complexo golgiense. Seu
tamanho aumenta à medida que o tonoplasto incorpora vesículas derivadas do
complexo de Golgi.
2.2-
Plastos: Organelas formadas por um envelope de duas membranas unitárias
contendo internamente uma matriz ou estroma, onde se situa um sistema de
membranas saculiformes achatadas, os tilacóides. Originam-se dos plastídios e
contêm DNA e ribossomos. São divididos em três grandes grupos: cloroplasto,
cromoplasto e leucoplasto; estes, por sua vez, originam-se de estruturas muito
pequenas, os proplastídios (que normalmente já ocorrem na oosfera, no saco
embrionário e nos sistemas meristemáticos). Quando os proplastídios se
desenvolvem na ausência de luz, apresentam um sistema especial, derivado da
membrana interna, originando tubos que se fundem e formam o corpo prolamelar.
Esses plastos são chamados estioplastos.
*
Cloroplastos: Seu genoma codifica algumas proteínas específicas dessas
organelas; contêm clorofila e estão associados à fase luminosa da fotossíntese,
sendo mais diferenciados nas folhas. Seu sistema de tilacóides é formado por
pilhas de membranas em forma de discos, chamado de granos; é nesse sistema que
se encontra a clorofila. Na matriz ocorrem as reações de fixação de gás
carbônico para a produção de carbohidratos, além de aminoácidos, ácidos graxos
e orgânicos. Pode haver formação de amido e lipídios, estes últimos em forma de
glóbulos (plastoglóbulos).
* Cromoplastos: Portam pigmentos carotenóides (geralmente amarelos, alaranjados ou avermelhados); são encontrados em estruturas coloridas como pétalas, frutos e algumas raízes. Surgem a partir dos cloroplastos.
*
Leucoplastos: Sem pigmentos; podem armazenar várias substâncias:
-amiloplastos:
armazenam amido. Ex.: em tubérculos de batatinha inglesa (Solanum tuberosum).
-proteinoplastos:
armazenam proteínas.
-elaioplastos:
armazenam lipídios. Ex.: abacate (Persea americana).
3- Conteúdo celular - organelas em comum com células animais
3.1.
Núcleo. Importante organela existente nas células eucariontes, constitui-se de
duas membranas com um espaço entre si e contendo poros. Possui dua funções
básicas: regular as reações químicas que ocorrem dentro da célula, e
armazenar as informações genéticas da célula. Em seu interior distinguem-se o
nucléolo e a cromatina. Durante a divisão celular, a cromatina se condensa em
estruturas com formas de bastão, os cromossomos.
3.2.
Sistema Golgiense (complexo de Golgi): é constituído de várias unidades
menores, os dictiossomos. Cada dictiossomo é composto por uma pilha de cinco ou
mais sacos achatados, de dupla membrana lipoprotéica. Nas bordas dos
sacos podem ser observadas vesículas em processo de brotamento. Está
relacionado aos processos de secreção, incluindo a secreção da primeira parede
que separa duas células vegetais em divisão.
3.3.
Ribossomos: estruturas constituídas de RNA e proteínas; podem estar livres no
hialoplasma ou presos entre si por uma fita de RNA (polissomos) e, nesse caso,
juntam os aminoácidos do citoplasma para formar cadeias de proteínas.
3.4.
Retículo endoplasmático: constituído de um sistema de duplas membranas
lipoproteícas. O retículo endoplasmático liso, é constituído por duas membranas
e o retículo endoplasmático rugoso possui ribossomos aderidos do lado
externo aderidos ao lado externo. O retículo liso facilita reações enzimáticas,
já que as enzimas se aderem à sua membrana, sintetiza lipidios (triglicerídeos,
fosfolipideos e esteróides), regula a pressão osmótica (armazenando substâncias
em sua cavidade), atua no transporte de substâncias (comunicando-se com a
carioteca e com a membrana celular). o retículo rugoso além de desempenhar
todas as funções do retículo liso ele ainda sintetiza proteínas, devido a
presença de ribossomos.
3.5.
Mitocôndrias: Organelas constituídas de duas membranas; a interna sofre
invaginações, formando cristas mitocondriais que aumentam a superfície de
absorção de substâncias existentes na matriz mitocondrial. O papel da
mitocôndria é a liberação de energia para o trabalho celular.
3.6-
Peroxisomos: estruturas com mebrana 2-lipídica - contêm enzimas que auxliam no
metabolismo lipídico; participa do processo de fotorespiração, efetuando a
oxidação do glicerato em glicolato, que é transaminado em glicina..
4. Substâncias ergásticas
Produtos
do metabolismo celular. Podem ser material de reserva ou produtos descartados
pelo metabolismo da célula. Encontradas na parede celular e nos vacúolos, além
de outros componentes protoplasmáticos. As mais conhecidas são: amido,
celulose, corpos de proteína, lipídios, cristais de oxalato de cálcio (drusas,
ráfides, etc.), cristais de carbonato de cálcio (cistólitos) e de sílica (estruturas
retangulares, cônicas, etc.).
Também são esgásticas as substâncias fenólicas, resinas, gomas, borracha e alcalóides. Muitas vezes as células que contêm essas substâncias são diferentes morfo e fisiologicamente das demais, sendo denominadas idioblastos.
Também são esgásticas as substâncias fenólicas, resinas, gomas, borracha e alcalóides. Muitas vezes as células que contêm essas substâncias são diferentes morfo e fisiologicamente das demais, sendo denominadas idioblastos.
Fonte: Texto de Mara Magenta (modificado
pelo professor José Bezerra).